As incertezas no horizonte brasileiro levaram os investidores a reduzir posições de risco no país.

Com isso, o Ibovespa sofreu uma queda de 3,1% na semana, chegando a operar abaixo de 116 mil pontos durante o pregão de sexta-feira. Foi o resultado semanal mais negativo entre as principais praças do mundo.

Já o real, no período, ficou perto da estabilidade contra o dólar, apesar da depreciação da moeda americana ao redor do planeta, inclusive intensa em países emergentes como Chile e África do Sul.

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Nos Estados Unidos, o setor de tecnologia seguiu como destaque, levando o Nasdaq a subir 1,5% na semana e alcançar nova máxima histórica.

Por lá, o mercado não exibiu maiores reações ao relatório oficial de emprego do país, que mostrou criação líquida de 235 mil postos de trabalho em agosto, bem abaixo das expectativas (foi o menor resultado em sete meses).

Embora provoque dúvidas quanto à retomada do mercado de trabalho americano, o resultado reduz a cautela por uma retirada mais rápida de estímulos pelo Federal Reserve.

Já aqui no Brasil, a taxa de desemprego surpreendeu positivamente ao cair para 14,1% no segundo trimestre de 2021, graças ao aumento do número de pessoas ocupadas para perto de 88 milhões.

No entanto, a aprovação na Câmara dos Deputados da reforma do Imposto de Renda repercutiu mal sobre o preço dos ativos.

A proposta prevê uma redução no imposto sobre o lucro das empresas. Juros sobre capital próprio, por outro lado, seriam extintos, e dividendos passariam a ser taxados em 15%, cobrança que não seria aplicada a fundos de ações.

Os investidores temem que a reforma tributária acabe não gerando eficiências nem alívios de carga que compensem a taxação dos dividendos e o fim dos juros sobre capital próprio.

Além disso, o ambiente continuou pressionado pelas dúvidas com a inflação e com o crescimento brasileiro.

Em reação à crise hídrica, a Aneel anunciou um aumento de cerca de 50% na cobrança adicional das contas de luz a partir deste mês de setembro. Com o encarecimento da energia, a projeção do Safra para o IPCA em 2021 foi elevada de 7% para 7,2%.

Já o PIB do Brasil teve variação negativa de 0,1% do primeiro para o segundo trimestre, levemente abaixo das projeções, diante da retração da agropecuária e da indústria. O avanço do setor de serviços, por sua vez, ficou aquém do esperado.

E o IBGE indicou que a produção industrial no país encolheu 1,3% na passagem de junho para julho, o segundo mês seguido de retração. A fabricação de máquinas e equipamentos e a produção de veículos estiveram entre os principais recuos.

Quanto às contas públicas, o governo encaminhou ao Congresso o Orçamento de 2022, mas a proposta deverá ser atualizada, já que ainda não traz uma solução para o pagamento de precatórios e para modificações em programas sociais.

A própria reforma tributária pode trazer desafios para o equilíbrio fiscal. Segundo a equipe econômica do governo, as alterações aprovadas pelos deputados trariam perda de receita da ordem de R$ 20 bilhões.