O cenário político que começou a se desenhar nesta semana nos Estados Unidos destravou um forte movimento de ganhos nos mercados, ofuscando a cautela em relação à alta dos contágios de Covid-19 em alguns países.

A alta probabilidade de que o democrata Joe Biden assuma a Casa Branca a partir do ano que vem – e precise lidar com uma maioria republicana no Senado – deu força aos ativos de risco e derrubou o dólar de maneira generalizada.

No mercado americano, o S&P 500 acumulou um avanço de mais de 7% nos últimos cinco pregões. Já o Nasdaq, índice que reflete o setor de tecnologia, disparou 9% no mesmo período. Foi a maior alta nos índices desde abril.

Aqui no Brasil, o Ibovespa teve uma sessão a menos, mas ainda assim alcançou uma alta semanal de 7,42%, fechando aos 100.925 pontos. É o melhor resultado desde junho. No mercado cambial, o dólar fechou abaixo de R$ 5,40 pela primeira vez desde setembro, com uma queda de 6,03% na semana.

Relembre a seguir alguns dos destaques dos últimos dias.

Eleições indefinidas

Os ganhos nos mercados começaram antes mesma da abertura das urnas nos Estados Unidos, por conta da leitura de que os Democratas levariam não apenas a presidência, mas também o controle do Senado e da Câmara.

O otimismo nesse caso se devia à maior chance de haver um pacote fiscal mais volumoso no país, o que poderia dar fôlego à atividade econômica.

Mas, conforme os votos começaram a ser contados, os investidores passaram a prever um Senado majoritariamente republicano. A partir daí, os preços foram sustentados pela expectativa de que, com um rombo menor nas contas públicas, os próximos anos também serão de juros baixos.

Já na disputa presidencial, não havia confirmação de um vencedor até o início da noite desta sexta-feira, embora o ex-vice-presidente Joe Biden contasse com grande chance de levar o pleito, pela vantagem que mostrava na Pensilvânia, Nevada, Arizona e Geórgia.

Indústria e inflação

Internamente, a semana foi marcada pela divulgação de dados importantes. O Ministério da Economia informou que a balança comercial registrou superávit de quase US$ 5,5 bilhões em outubro.

Já a produção da indústria brasileira avançou 2,6% em setembro, na comparação com agosto. O resultado informado pelo IBGE veio um pouco abaixo da projeção do time de Macroeconomia do Safra, mas mesmo assim foi suficiente para apagar as perdas provocadas pela pandemia em março e abril.

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O IBGE também anunciou que o IPCA de outubro marcou a maior aceleração nos preços para o mês desde 2002. O índice de inflação mostrou alta de 0,86%, colocando a projeção de nossos especialistas sob revisão.

BC e desoneração

O Senado enfim aprovou o texto que busca conferir autonomia formal ao Banco Central. Apoiado por Roberto Campos Neto, o projeto de lei define um mandato de quatro anos para a presidência do Banco Central, sempre com início no terceiro ano de mandato do Presidente da República, com possibilidade de uma recondução por mais quatro anos. O texto seguiu para análise da Câmara dos Deputados.

Ainda em Brasília, o Congresso derrubou o veto presidencial à prorrogação da desoneração da folha até 2021. A medida se aplica a empresas de 17 setores. Em vez de 20% sobre os salários, os encargos previdenciários podem variar de 1% a 4,5% do faturamento.

BDRs e ações recomendadas

Se você quiser saber quais são os papéis preferidos do time de análise da Safra Corretora para este mês, não deixe de conferir as atualizações das nossas carteiras recomendadas divulgadas nesta semana.

Na Carteira de BDRs, indicada para quem deseja ter investimentos ligados a grandes empresas do mercado americano, nossos especialistas sugerem um aumento na exposição a companhias como Walmart e Nike, compensando a retirada de Visa do portfólio.

Já na Carteira Recomendada de Ações, nossos analistas promoveram a substituição das units do Santander Brasil pelos papéis preferenciais do Itaú Unibanco. O setor financeiro permanece assim com a maior participação na carteira.

E para a Carteira de Dividendos, a recomendação é trocar BB Seguridade e Cesp, por Bradespar e Energisa.