O Ibovespa oscilou nos últimos dias, terminando com queda de 0,5% na semana, aos 107,2 mil pontos. O comportamento do índice foi ligeiramente superior ao de seus pares internacionais.

Nos Estados Unidos, o S&P 500 cedeu 1,9% no período. O índice americano fechou em alta apenas na quarta-feira.

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O comportamento dos mercados de ações está associado à retirada de estímulos em algumas das maiores economias do mundo.

Após mais de um ano adotando políticas extraordinariamente frouxas, o ciclo de aperto monetário começa a ganhar força em países centrais para o mercado financeiro, um movimento que tende a reduzir a demanda por ativos de risco. 

Além disso, a ômicron segue como uma ameaça para a retomada das economias. O governo do Reino Unido informou nesta semana o primeiro óbito associado à nova variante do coronavírus.

Bancos centrais mais rigorosos

Os bancos centrais estiveram no centro das atenções. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve manteve a taxa básica de juros perto de zero, mas decidiu dobrar o ritmo de redução do seu programa de compras de ativos, indicando que o processo será concluído por volta de março do ano que vem.

Com isso, os dirigentes passaram a projetar três aumentos de juros já em 2022, com objetivo de controlar a inflação, que vem atingindo níveis historicamente elevados no país.

O comportamento dos índices de preços também gera preocupação no Reino Unido. A inflação em 12 meses na região saltou para 5,1%, o maior nível em dez anos.

Para reverter esse quadro, o Banco da Inglaterra se tornou a principal autoridade do mundo a elevar juros desde o início da pandemia, quando os bancos centrais adotaram políticas extraordinariamente estimulativas.

A expectativa é que a instituição siga elevando os juros nas próximas reuniões, com o objetivo de frear os preços no Reino Unido.

Segundo o próprio Banco da Inglaterra, a inflação deve atingir um pico em torno de 6% em abril do ano que vem, o triplo da sua meta, um movimento provocado em boa parte pelo encarecimento do gás natural.

O Banco Central Europeu, por outro lado, manteve a postura paciente, ainda sinalizando que não deve aumentar juros no próximo ano.

A autoridade da Zona do Euro também confirmou que irá encerrar o seu programa emergencial de compras de ativos em março. Mas prometeu praticamente dobrar o seu programa regular de compras para evitar uma transição brusca.

Já aqui no Brasil, a Ata do Copom exibiu uma posição mais rígida da autoridade monetária.

Os dirigentes alertaram sobre possíveis impactos do risco fiscal sobre as projeções de inflação, discutindo aumentos maiores do que 1,5 ponto porcentual na última reunião. Além disso, o Relatório de Inflação trouxe uma redução na projeção da instituição para o PIB do país em 2022, de 2,1% para apenas 1%.

Economia brasileira

Na frente de indicadores internos, o IBGE informou que o setor de serviços recuou 1,2% na passagem de setembro para outubro, a segunda queda consecutiva.

O destaque positivo foi o crescimento dos serviços de caráter mais presencial, como hotéis e restaurantes, que continuam a se recuperar com o avanço da imunização dos brasileiros contra o coronavírus.

O IBC-Br de outubro, por sua vez, veio um pouco melhor do que a projeção do Safra, recuando 0,4% ante setembro.

Ainda assim, o número confirma um início de quarto trimestre difícil para a atividade econômica, uma vez que a previsão preliminar para novembro é de nova retração.

Vale ainda dizer que, na China, principal parceira comercial do Brasil, a produção industrial acelerou em novembro, com o alívio da crise de energia no país. Já as vendas no varejo perderam embalo no mês, diante das restrições para conter os contágios de Covid.