O Ibovespa seguiu pressionado nesta semana e fechou com baixa acumulada de 1,31% em cinco dias, bem próximo aos 97 mil pontos. O principal índice de ações do país ainda não conseguiu terminar uma semana em alta neste mês de setembro.

O mercado cambial, por sua vez, também refletiu o momento negativo. O dólar registrou ganho semanal de 3,32%, cotado perto de R$ 5,56.

O desempenho negativo esteve em linha com o exterior, onde as bolsas sofreram e a moeda americana se valorizou de maneira generalizada. Boa parte do movimento se explica pelas preocupações quanto a um novo fechamento das economias, principalmente na Europa.

Saiba mais:
> Conheça as principais candidatas a vacina anti-Covid
> Fusão de Localiza e Unidas: O que esperar das ações agora?
> Selic na mínima: Como otimizar os investimentos de renda fixa?

Nesse contexto, a queda semanal foi de quase 3% em Londres e de quase 5% em Frankfurt. Nos Estados Unidos, apenas o Nasdaq conseguiu ficar no azul na comparação semanal. Relembre abaixo alguns dos principais eventos da semana.

Tensão na Europa

A aceleração dos números de casos em países europeus pesou sobre os negócios desde o início da semana. A apreensão em relação às novas ações de distanciamento no Reino Unido derrubou os índices de ações já na segunda-feira.

O nível de alerta foi elevado por lá e as principais autoridades médicas do governo avisaram que, sem medidas de contenção, um patamar de 50 mil novos casos diários pode ser atingido no mês que vem.

Não é a primeira vez que o medo da chamada ‘segunda onda’ de Covid-19 amarga o humor dos investidores. Em junho, por exemplo, o mercado reagiu com força à reaceleração de casos em Estados americanos como Flórida e Texas.

Banco Central

Aqui no Brasil, o Banco Central voltou a ficar sob os holofotes. A instituição divulgou a Ata do Copom e o Relatório de Inflação do terceiro trimestre. Os documentos não trouxeram grandes surpresas. Para equipe de Macroeconomia do Safra, eles reforçaram o fim do ciclo de queda na Selic.

As projeções do BC para a inflação em 2021 ficaram pelo menos 0,75 ponto porcentual abaixo da meta. Ao comentar o relatório, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que está tranquilo com o cenário dos preços, entendendo que as pressões recentes não devem contaminar o próximo ano.

A instituição também mostrou que não pretende reduzir o grau de estímulo monetário, inclusive reafirmando a adoção do forward guidance, instrumento que sinaliza a trajetória futura da taxa de juros. Dessa maneira, o cenário-base do Safra segue prevendo que a Selic seja mantida no atual nível de 2% neste ano e ao longo de 2021.

O BC também melhorou a sua projeção para o PIB neste ano. De queda de 6,4%, a autoridade monetária agora acredita que a economia sofrerá contração de 5% em 2020, mesma estimativa dos economistas do Safra.

Inflação em setembro

Um dos temas mais discutidos recentemente entre os economistas é a aceleração dos preços nos últimos meses. Esse debate ganhou mais um capítulo nesta semana, diante do resultado do IPCA-15 com a prévia da inflação em setembro.

O índice acelerou para uma alta de 0,45% ante o mês anterior, acima do consenso de mercado, que projetava avanço de 0,39%. Com isso, o IPCA-15 acumula aumento de 2,65% em 12 meses.

Embora o resultado tenha superado as previsões, a equipe de Macroeconomia do Safra destaca que os núcleos da inflação, menos sensíveis a variações pontuais, reduziram o ritmo de alta, sugerindo que a perspectiva para ela segue benigna.

Títulos balançam

Depois dos circuit breakers em março e da cotação negativa do petróleo em abril, os investidores vêm enfrentando mais uma situação rara neste ano: as oscilações nos títulos de renda fixa mais conservadores do país.

O Tesouro Selic com vencimento em 2025, título público também chamado de LFT, acumula em setembro uma leve queda de cerca de 0,2%. Isso aconteceu por conta de uma conjuntura muito específica.

Vivemos uma situação em que o governo vem precisando elevar o seu endividamento para fazer frente aos impactos da crise da Covid-19. Em consequência disso, temos, de um lado, uma oferta mais volumosa de papéis, necessária para financiar o Tesouro. E, de outro, uma demanda mais cautelosa por títulos que pagam juros baixos, em um momento de aceleração pontual da inflação.

 
 

Foi essa combinação que levou a um aumento nas taxas oferecidas, reduzindo os preços dos títulos. Nossos especialistas lembram, porém, que a tendência desses papéis é trazer um retorno positivo.

Vacinas avançam

Nesta semana, a vacina experimental da Johnson & Johnson se juntou ao conjunto que está na terceira e última fase de testes, aquela em que os efeitos das substâncias são estudados em milhares de humanos

Os testes serão aplicados em 60 mil voluntários em diversos países, entre eles o Brasil. A Anvisa já havia autorizado em agosto os estudos clínicos da empresa por aqui.

Nos Estados Unidos, o governo já tem um acordo com a Johnson & Johnson para garantir 100 milhões de doses por cerca de 1 bilhão de dólares. A substância faz parte do programa americano de aceleração do desenvolvimento de vacinas anti-coronavírus, assim como as da Moderna, da Pfizer e da AstraZeneca.