O debate sobre a situação fiscal permaneceu em foco ao longo de toda a semana. Com o teto de gastos como pano de fundo, discussões sobre reajuste salarial de servidores públicos e a prorrogação de programas como o auxílio emergencial dominaram o noticiário. No panorama internacional, um alerta do banco central americano também trouxe mais cautela às negociações. 

Com isso, a semana foi de volatilidade. Apesar de o principal índice de ações da Bolsa, o Ibovespa, chegar a perder os 100 mil pontos e atingir, na mínima da semana, uma queda de 2,4%, no acumulado destes últimos cinco dias o índice permaneceu praticamente estável, em leve alta de 0,17%, aos 101.521 pontos. Já no acumulado do mês, o índice recua 1,35%. Enquanto isso, o dólar comercial segue a sua trajetória de valorização, ganhando 3,29% frente ao real na semana e terminando a sexta-feira cotado aos R$ 5,61.

Relembre, abaixo, as principais notícias que marcaram os últimos dias.

Reajuste de servidores públicos

O destaque da semana ficou por conta da possibilidade de servidores públicos terem reajuste salarial até o final do próximo ano. O tema tinha sido alvo de amplas discussões no início do ano, quando ficou acordado que os reajustes seriam suspenso como contrapartida ao pacote de socorro financeiro de R$ 125 bilhões a estados e municípios.

No entanto, na quarta-feira o Senado surpreendeu ao decidir derrubar o veto presidencial aos reajustes. A projeção é de que a medida traria um impacto fiscal da ordem de R$ 120 bilhões a R$ 130 bilhões. Em um momento de amplo debate sobre a situação fiscal, o movimento trouxe impactos negativos sobre os mercados, com o dólar saltando para a máxima da semana, em R$ 5,67.

Na quinta-feira, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, veio a público defender a manutenção do veto. E, à noite, a Câmara confirmou as expectativas e reverteu a decisão do Senado, mantendo o veto.

Como pano de fundo, seguem as preocupações em relação ao cumprimento do teto de gastos, regra fiscal criada para que as despesas do governo não tenham crescimento real ao longo dos anos, corrigindo os valores do Orçamento apenas pela inflação. Para entender mais sobre o que é o teto de gastos e qual a sua importância para a trajetória da dívida pública, confira este conteúdo.

Auxílio emergencial

O benefício concedido à população mais carente também marcou presença nos noticiários. O auxílio emergencial se encerra no fim de agosto, e ainda não havia uma decisão sobre sua continuidade ou não.

O programa atualmente possui um custo mensal de R$ 50 bilhões. Nesta sexta-feira, o presidente Jair Bolsonaro declarou que o benefício será estendido até o final do ano, mas ainda não foi definido o valor das parcelas, no momento em R$ 600.

Se discute, no entanto, qual será o futuro após o auxílio emergencial, uma vez que o programa tem caráter temporário. A ideia que está em discussão é redesenhar os programas sociais, incluindo o Bolsa Família, e incorporar aprendizados do auxílio emergencial, para construir um novo programa, chamado de Renda Brasil. Os detalhes ainda não foram anunciados.

Outro programa que será renovado é o que autoriza as empresas a suspenderem contratos de trabalho ou reduzirem a jornada de seus funcionários, com consequente redução salarial. O programa tem como objetivo incentivar a manutenção do emprego e está em vigência desde abril. A renovação deve ser por mais dois meses.

Alerta do BC americano

Na quarta-feira, o Federal Reserve, conhecido no mercado como Fed, divulgou a ata de sua última reunião de política monetária, que aconteceu no final de julho. O documento surpreendeu ao trazer uma visão mais pessimista do que se esperava para a economia, sugerindo que as projeções econômicas podem ser revisadas para baixo.

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O banco central americano também se mostrou menos inclinado a adotar mais medidas de estímulos, como um controle maior na curva de juros. Logo após a publicação da ata, o mercado americano apagou os ganhos do dia e viraram para o negativo. As negociações na Europa também foram pressionadas.

US$ 2 trilhões na Apple

As ações de tecnologia continuam em trajetória de valorização nos EUA. E o destaque da semana ficou por conta da Apple, que somente nesta semana valorizou cerca de 8% e se tornou a primeira empresa americana a superar a barreira dos US$ 2 trilhões em valor de mercado.

No ano, as ações da Apple avançam cerca de 70%. Recentemente, a companhia surpreendeu o mercado americano ao apresentar crescimento nas vendas mesmo em meio à pandemia.

Magazine Luiza

No mercado acionário brasileiro, a Magazine Luiza surpreendeu os investidores ao apresentar um forte resultado operacional para o segundo trimestre. Apesar da queda do Ibovespa no acumulado da semana, as ações da Magalu avançaram cerca de 7%.

Em live com o Safra, Luiza Heleno Trajano, presidente do conselho de administração da companhia, revelou que os meses de julho e agosto também sinalizaram para um bom momento. Ela ainda comentou sobre reforma administrativa, reforma tributária, os impactos da pandemia e uma série de outros assuntos de relevância para o país. Você pode rever a conversa na íntegra aqui.

Estímulos nos EUA

O assunto segue como pano de fundo aos negócios há algumas semanas. Republicanos e democratas seguem em um impasse sobre um novo pacote de ajuda à economia. De um lado, republicanos propuseram um pacote de US$ 1 trilhão, e, do outro lado, democratas defendem estímulos na ordem de US$ 3 trilhões.

Ao longo da semana, a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, sugeriu que os democratas podem reduzir o valor para tentar costurar um acordo com os republicanos. Ainda assim, o assunto não apresentou evolução significativa, e deve permanecer no radar.

Eleições americanas

A semana também oficializou a campanha de Joe Biden na corrida presidencial contra Donald Trump, com a convenção democrata ocorrendo ao longo de quatro dias. As eleições estão marcadas para novembro, e até o momento, as pesquisas eleitorais apontam favoritismo de Biden.

Na próxima semana, será a vez dos republicanos se reunirem e oficializarem Donald Trump como candidato do partido ao pleito.