Novembro tem sido um mês de forte recuperação para os mercados financeiros. E esta semana não foi diferente: com o sinal verde nos cinco pregões, o Ibovespa encerrou a semana com ganhos de 4,3%. Com isso, no acumulado do mês, a alta soma agora 17,7%, com apenas mais um pregão restando para finalizar o resultado de novembro.

O principal índice de ações da Bolsa, o Ibovespa, continua no negativo no ano, mas conquistou marcas importantes. Superou pela primeira vez na crise a barreira dos 110 mil pontos, encerrando a sexta-feira aos 110.575 pontos, e, se compararmos com o mesmo período do ano passado, o índice agora já registra ganhos.

Esta não é uma exclusividade brasileira. Nos Estados Unidos, o principal índice de ações, o S&P 500, acumula alta de 11,3% neste mês. Na Europa, o índice Eurostoxx 600 avança 14,9%.

Nossos especialistas têm apontado que a redução de duas incertezas importantes – a busca pelas vacinas contra a Covid-19 e a transição de governo nos Estados Unidos sem uma longa judicialização – contribuem para estes fortes movimentos no mês.

Relembre os principais assuntos que movimentaram a semana.

Vacinas

As vacinas contra a Covid-19 haviam dado o tom na semana passada – com boas notícias da Pfizer e da Moderna – e nesta semana foi a vez da AstraZeneca divulgar seus resultados, com uma eficácia que pode chegar a 90%, dependendo da dosagem.

Ao longo da semana, no entanto, foram levantados questionamentos quanto ao resultado da AstraZeneca, uma vez que os testes foram conduzidos com dois grupos diferentes, e a vacina que apresentou a maior eficácia foi aplicada a um grupo menor, com uma faixa etária limitada a 55 anos.

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A companhia admitiu, na quinta-feira, que é preciso realizar estudos adicionais. Ainda assim, a farmacêutica acredita que isso não irá atrasar o processo de aprovação pelas agências reguladoras.

O otimismo com as vacinas tem ofuscado as preocupações com a segunda onda de Covid-19, que continua a avançar nos Estados Unidos e na Europa, principalmente. No Brasil, os números também mostram um aumento nos casos, mas especialistas ainda não chegaram a um consenso se esse avanço se trata de uma segunda onda. 

Eleições nos EUA

Outra fonte de incerteza em novembro era a eleição presidencial da maior economia do mundo, os Estados Unidos.

Estados importantes na disputa, como Michigan e Pensilvânia, certificaram a vitória de Joe Biden nesta semana. E o presidente Donald Trump, embora siga sem reconhecer a validade deste processo eleitoral, declarou que deixará a Casa Branca caso o Colégio Eleitoral valide a vitória de Biden.

Ele também autorizou sua equipe a colaborar com um processo de transição, o que foi visto como positivo pelo mercado, ao reduzir o que poderia ser mais uma fonte de incerteza no cenário.

Biden, por sua vez, começa a montar a equipe do próximo governo. Destaque para a provável indicação de Janet Yellen para o cargo de Secretária do Tesouro, conforme noticiado na imprensa americana ao longo da semana. Yellen comandou o banco central americano, o Fed, de 2014 a 2018.

Inflação

No Brasil, a inflação segue com surpresas para cima. Na terça-feira, o IBGE divulgou o IPCA-15 de novembro, indicador conhecido como prévia da inflação, e que apresentou uma alta nos preços acima do previsto: avanço de 0,81% sobre outubro, contra uma projeção de 0,72%. Em 12 meses, o avanço é de 4,22%.

Após a divulgação, nosso time de Macroeconomia anunciou que a projeção para o IPCA no ano, de 3,4%, entrou em revisão, com perspectiva altista.

Nesta sexta-feira, a FGV também revelou um IGP-M acima do esperado: 3,28% em novembro ante outubro (contra projeção de 3,15%), alcançando a marca de 24,52% na comparação em 12 meses. Nossos especialistas afirmam que essa alta em novembro foi influenciada, principalmente, pelos preços aos produtores.

Entenda a diferença entre os resultados do IPCA e do IGP-M aqui.

Emprego

A semana também foi de importantes notícias para o mercado de trabalho. Na quinta-feira, o Ministério da Economia divulgou o Caged, com um resultado muito acima do esperado para a criação de emprego com carteira assinada em outubro.

O resultado foi de 395 mil postos de trabalho no mês, contra nossa estimativa de 236 mil. O consenso do mercado esperava um número ainda menor, de 190 mil postos.

Nesta sexta-feira, no entanto, o IBGE revelou a PNAD Contínua de setembro, divulgação que revela a taxa de desemprego trimestral e inclui, também, o mercado informal, que não é capturado no Caged.

A taxa de desemprego trimestral avançou de 14,4% para 14,6%, um novo recorde na série histórica. O nosso time de Macroeconomia, no entanto, projeta que as próximas leituras devem mostrar resultados melhores, devido, principalmente, à expectativa de recuperação no mercado informal. Entenda mais aqui.

Black Friday e feriado

A semana se encerra com a Black Friday. O evento marca o início da temporada de compras de fim de ano, especialmente nos Estados Unidos, sendo um importante sinal para o varejo.

Em meio a tantas ofertas de produtos e serviços, os investidores também costumam buscar ações com desconto na Bolsa. Entenda por que você deveria olhar para além do desconto antes de tomar uma decisão de investimento.

Os mercados americanos tiveram horário reduzido de negociação nesta sexta-feira. Na quinta-feira, permaneceram fechados por conta do Dia de Ação de Graças. Assim, sem parte importante dos investidores estrangeiros, que já aportaram cerca de R$ 30 bilhões na Bolsa brasileira neste mês, o volume negociado no mercado brasileiro nos dois últimos dias da semana foi menor.  

Previdência e a vantagem fiscal

Todo final de ano o tema da Previdência volta ao radar com mais força entre os investidores. Isso porque quem declara o Imposto de Renda pelo modo completo e investe em PGBL, pode contar com uma importante vantagem tributária na declaração do próximo ano.

Este é apenas um dos benefícios da Previdência para quem investe no longo prazo. Há, também, outros incentivos que podem reduzir os custos de quem aplica os recursos. Para entender mais, confira este conteúdo especial que publicamos sobre o tema.