Em um ambiente de dificuldade para conter a Covid no Brasil, e com incertezas na política monetária e fiscal, o movimento de vendas por aqui só não prevaleceu na quinta-feira.

Desse modo, o Ibovespa registrou sua terceira queda semanal seguida, de 2,0% desta vez, aos 115,1 mil pontos. Um dos destaques negativos foi a Eletrobras, que perdeu cerca de 6%, com a saída de Wilson Ferreira Júnior da presidência executiva da estatal.

Já no mercado cambial, a marcha do dólar foi contida. A moeda americana caiu 0,2% na semana, cotada a R$ 5,47.

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O resultado negativo para os ativos brasileiros esteve em linha com o mercado internacional. O índice europeu Stoxx 600 perdeu 3,1% na semana, apagando os ganhos de janeiro, enquanto o Nikkei 225, no Japão, caiu 3,4%.

Nos Estados Unidos, o S&P 500 cedeu 3,3% no mesmo período. Lembrando que o índice chegou a tocar a sua máxima histórica na terça-feira. A semana no mercado americano foi marcada por movimentos especulativos nas ações de algumas empresas, como GameStop e AMC, que geraram manifestações inclusive de oficiais da Casa Branca.

Confira a seguir alguns dos destaques dos últimos dias. Mesmo com uma semana mais curta no mercado brasileiro, não faltaram eventos importantes interna e externamente.

Inflação e juros

O IBGE mostrou nesta semana um aumento mais contido nos preços do que a previsão dos economistas do Safra. A prévia da inflação no país ficou em 0,78% em janeiro, após superar 1% no mês anterior. Em 12 meses, o IPCA-15 acumula alta de 4,30%.

No entanto, nossos especialistas ponderam que os preços de serviços e produtos industriais vieram acima do esperado, e que houve alta em quase todas as categorias monitoradas pelo IBGE.

Desse modo, a projeção para o mês janeiro inteiro, que era de alta de 0,3%, foi colocada sob revisão.

Outro destaque da semana foi a Ata do Copom. O documento mostrou que alguns membros do comitê já sugerem que a redução de estímulos extraordinários deve ser considerada pelo Banco Central.

Os investidores vêm acompanhando de perto as indicações da autoridade monetária, buscando antecipar o timing e o ritmo das prováveis elevações na Selic em 2021.

PIB americano e Fed

Nos Estados Unidos, o Federal Reserve decidiu nesta semana manter os juros perto de zero, como se esperava. O banco central americano também manteve em US$ 120 bilhões de por mês o seu programa de compra de ativos.

O presidente da instituição, Jerome Powell, reafirmou sua posição de que o momento não é propício para discutir a retirada de estímulos no país.

Outro destaque por lá foi a divulgação do PIB. A maior economia do mundo cresceu a uma taxa anualizada de 4% no último trimestre de 2020. Com isso, a queda do PIB americano em 2020 foi de 3,5%, em linha com a estimativa dos economistas do Safra, que projetam atualmente um crescimento de mais de 4% para o país em 2021.

Dados de emprego

Os números do mercado de trabalho brasileiro também estiveram em foco nesta semana. Segundo o IBGE, a taxa oficial de desemprego foi de 14,1% no trimestre encerrado em novembro de 2020, atingindo 14 milhões de pessoas.

O Ministério da Economia, por sua vez, apresentou dados de dezembro restritos ao setor formal. O Caged mostrou fechamento líquido de quase 68 mil postos com carteira assinada, nível próximo ao esperado pelo nosso time de Macroeconomia, e bem melhor em relação à expectativa mediana do mercado.

Desse modo, o Brasil registrou em 2020 uma geração líquida de mais de 142 mil postos formais de trabalho.

Contas públicas e externas

O saldo do país em transações correntes (fluxo de bens, serviços e renda com o exterior) em dezembro ficou negativo em US$ 5,4 bilhões de dólares, dentro do esperado pelos economistas do Safra. Com isso, o déficit externo ficou abaixo de 1% do PIB em 2020.

Já em relação às contas públicas, os números conhecidos nesta semana mostraram uma realidade desafiadora, mas não tão negativa quanto se esperava há alguns meses.

O déficit primário do setor público em dezembro foi de R$ 51,8 bilhões, melhor do que a mediana do mercado. No ano de 2020, o buraco nas contas públicas alcançou R$ 703 bilhões, ou 9,49% do PIB. Em 2019, esse déficit foi de R$ 61,9 bilhões, ou 0,84% do PIB.

Esse resultado consolida os dados do Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social com as contas estaduais e municipais, além de empresas estatais (à exceção de Petrobras, Eletrobras e bancos públicos).

A dívida pública, por sua vez, subiu a R$6,6 trilhões em dezembro, equivalente a 89,3% do PIB.