O momento positivo no exterior não foi o bastante para sustentar uma semana positiva no mercado brasileiro.

Com a volta iminente do auxílio emergencial, as incertezas fiscais pesaram sobre os ativos no país, já que ainda não está claro como se dará o financiamento do programa.

Desse modo, o Ibovespa encerrou a sexta-feira com queda semanal de 0,7%, aos 119,4 mil pontos. No mercado cambial, o dólar cedeu 0,2% na semana, cotado um pouco acima de R$ 5,37.

Os destaques negativos da semana na B3 ficaram por conta de MOSI3 (-19,6%), MBLY3 (-18,4%) e CASH3 (-17,5%). Pelo lado positivo, estiveram ROMI3 (+38,6%), TOTS3 (+17,2%) e SLCE3 (+14,6%).

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Já na Europa, o índice Stoxx 600 acumulou alta de 1,1% na semana, com destaque para as ações negociadas em Londres. Nos Estados Unidos, os índices elevaram seus recordes históricos. O S&P 500, por exemplo, ganhou 1,2% em cinco dias.

Relembre abaixo alguns dos principais eventos da semana.

Situação fiscal preocupa investidores

O mercado acompanhou de perto as movimentações de Brasília ao longo da semana. O objetivo é entender como será o formato da nova rodada de auxílio emergencial.

A proposta ventilada pela equipe econômica do governo no início da semana seria oferecer mais três meses de pagamentos de R$ 200 a cerca de 30 milhões de brasileiros. Mas algumas propostas no Congresso buscam conceder valores maiores e por mais tempo.

A cautela no mercado foi provocada ainda pela leitura de que os novos pagamentos podem ser acompanhados apenas por elevação de impostos, sem contenção de gastos públicos.

O tema foi endereçado nesta semana pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mas as dúvidas persistiram.

Por enquanto, o que se sabe é que os novos pagamentos devem ser iniciados em março, conforme declarou o presidente da República.

Autonomia do BC injeta ânimo

Por um lado mais positivo, a Câmara dos Deputados aprovou nesta semana regras para aumentar a autonomia do Banco Central. A sinalização deu força aos ativos na quinta-feira

A legislação prevê que os mandatos do presidente e dos diretores do BC não coincidam com o do presidente da República, reforçando a independência da política monetária.

O BC repercutiu o avanço da proposta, afirmando que há evidências de que um maior grau de autonomia está associado a níveis mais baixos de inflação, sem prejudicar o crescimento.

IPCA desacelera com redução na luz

Acompanhamos ainda nesta semana a divulgação do IPCA de janeiro. O índice de inflação teve alta de 0,25%, abaixo da previsão do Safra e do mercado. Como se esperava, o grande freio no mês foi a mudança de bandeira nas contas de luz.

A surpresa ficou por conta do grupo de alimentos, que subiu menos do que o projetado pelo Safra. Quanto à previsão para o ano, o nosso cenário-base segue prevendo aumento de 3,4%.

Varejo e serviços em dezembro

O mês de dezembro é tradicionalmente favorável para o varejo, mas os números divulgados pelo IBGE mostraram que a pandemia prejudicou a dinâmica do setor no fim de 2020.

O volume de vendas caiu 6,1% na comparação com novembro, um resultado abaixo até mesmo das projeções mais pessimistas dos analistas. Foi o segundo mês seguido de queda na margem, mas, ainda assim, o comércio conseguiu sustentar uma alta de 1,2% no acumulado de 2020.

Já o setor de serviços registrou uma leve queda de 0,2% na passagem de novembro para dezembro. O resultado interrompeu a série de seis meses consecutivos de melhora na margem, mas veio em linha com a expectativa mediana do mercado, e melhor do que o esperado pelo Safra.

O principal ponto de atenção no mês foram os serviços prestados às famílias. O Safra entende que o desempenho desse grupo será crucial para avaliar a velocidade e intensidade do crescimento do país em 2021.

De maneira geral, seguimos com uma visão construtiva para o PIB neste ano, com projeção de crescimento de 4%.

Por fim, vale destacar que o IBC-Br, uma aproximação do PIB do país, apontou uma retração de pouco mais de 4% na economia brasileira em 2020.