O IBGE divulgou nesta quarta-feira, 12, a Pesquisa Mensal do Comércio referente ao mês de junho. Conforme esperado, as vendas no varejo tanto no conceito restrito quanto no ampliado, que contempla também materiais de construção e veículos, apresentaram forte alta em relação ao mês de maio, recuperando-se do choque registrado em março e abril, devido à crise da Covid-19.

Segundo o IBGE, as vendas do varejo restrito cresceram 8,0% na comparação com maio, após ajuste sazonal, em linha com a projeção do nosso time de Macroeconomia (7,5%) e acima da mediana das projeções do mercado (5,0%). Em relação a junho de 2019, o índice cresceu 0,6%. No segundo trimestre, as vendas do varejo restrito contraíram 7,2% na série ajustada sazonalmente.

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Já o varejo ampliado cresceu em maio 12,6% frente a maio, após ajuste sazonal, acima da projeção do Safra (7,6%) e da mediana das expectativas do mercado (6,7%). Na comparação com o mesmo mês de 2019 houve queda de 0,9% e no segundo trimestre, contração de 12,1% (após ajuste sazonal).

A equipe de Macroeconomia do Safra destaca que as categorias consideradas essencias (‘Supermercados’ e ‘Farmácias’) pouco sofreram com as medidas de distanciamento social, crescendo 0,7% no segundo trimestre.

Já o grupo associado à moradia (‘Móveis e eletrodomésticos’ e ‘Materiais de construção’) sofreu bastante com o choque inicial em março e abril. Contudo, com a população passando mais tempo em casa, houve aumento do investimento em moradia, fenômeno também observado em outros locais do mundo. Desta forma, o grupo cresceu 23,0% em junho frente a maio, o suficiente para zerar toda a queda observada no segundo trimestre até então. Ou seja, o grupo ficou estável no segundo trimestre ante o primeiro.

As demais categorias (‘Combustíveis’, ‘Vestuário’, ‘Materiais para escritório’, ‘Livraria’, ‘Veículos, partes e peças automotivas’ e ‘Outros’) sofreram mais com as medidas restritivas e a menor circulação de pessoas. Este último grupo está em fase de forte recuperação, mas sobre uma base ainda deprimida, com alta de 28,3% em junho. No trimestre, porém, ficou 31,7% abaixo do trimestre anterior.

Para nossos especialistas, os dados do varejo divulgados hoje trazem perspectiva auspiciosa para o setor. Só o efeito do carregamento estatístico contribui com 9,7% de crescimento no terceiro trimestre no conceito restrito e 13,9% no ampliado.

Portanto, assim como a indústria, o varejo mostra recuperação forte e rápida frente à crise no momento inicial. Mas vale ressaltar que ainda há grande dúvida em relação ao setor de serviços, que representa mais da metade do PIB nacional.

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