A semana passada contou com importantes divulgações sobre as contas públicas em dezembro, encerrando as leituras de 2020. 

Na quinta-feira, o Tesouro Nacional revelou o resultado primário do Governo Central, reunindo as contas do Tesouro, Previdência Social e Banco Central, com um déficit de R$ 44,1 bilhoes em dezembro. O número veio bastante próximo à projeção do nosso time de Macroeconomia (déficit de R$ 45 bilhões), e melhor que o esperado pela mediana do mercado (déficit R$ 54,7 bilhões).

Desse modo, o déficit primário acumulado em 2020, em termos reais, foi de R$ 771,5 bilhões, equivalente a 10% do PIB. Este número foi R$ 88,7 bilhões menor do que a última estimativa apresentada pelo governo.

O Tesouro Nacional explicou que o resultado melhor que o esperado foi provocado por uma receita líquida superior e por despesas, principalmente as obrigatórias, menores que as projetadas. Segundo nosso time de Macroeconomia, isso pode levar para baixo a previsão das despesas obrigatórias de 2021, em valor que estimamos que seja superior a R$ 16 bilhões.

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Outra leitura sobre as contas públicas divulgada na sexta-feira, desta vez do setor público consolidado, que acrescenta ao resultado do Governo Central os números de empresas estatais e estados e municípios, seguiu a mesma tendência. O resultado primário foi de um déficit de R$ 51,8 bilhões em dezembro, menor do que o projetado pelo mercado (déficit de R$ 59,6 bilhões), mas em linha com nossas projeções.

No ano, o déficit primário do setor público consolidado totalizou R$ 703,0 bilhões, equivalente a 9,49% do PIB. Em 2019, o déficit havia sido de R$ 61,9 bilhões, representando 0,84% do PIB.

Já a dívida bruta do governo geral, que consolida números dos governos federal, estaduais e municipais,avançou para 89,3% do PIB, alta de 15 pontos percentuais no acumulado do ano.

Para nosso time de Macroeconomia, o resultado de dezembro reforça a perspectiva de melhora da arrecadação com a recuperação de atividade e confirma nossa avaliação de gastos obrigatórios superestimados pelo governo, ambos fatores que podem ajudar o resultado desse ano.

Para 2021, nossos especialistas projetam déficit de R$ 190 bilhões, ou 2,4% do PIB. Quanto à relação dívida/PIB, a expectativa é que ela recue para 87,9%, beneficiada pela devolução de R$ 100 bilhões do BNDES ao Tesouro.