Os dados de emprego de maio indicam melhora do mercado de trabalho. A taxa de desemprego no trimestre findado em maio foi de 9,8%, número abaixo do esperado por nós e pelo mercado (10,3% e 10,2%, respectivamente).

A queda da taxa foi vista também nos dados com ajuste sazonal, com o desemprego situando-se em 9,6%, o menor número desde o último trimestre de 2015.

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O desemprego caiu apesar do aumento da entrada de um milhão de pessoas na força de trabalho, devido ao aumento da ocupação, que atingiu mais de 1,7 milhão de pessoas.

Com isso, a taxa de participação – porcentagem de pessoas em idade de trabalhar que estão na força de trabalho – praticamente voltou para sua média histórica de 63%.

atividade julho.pngHouve aumento da ocupação formal e informal em maio. Esse aumento foi de 800 e 900 mil posições respectivamente, na série ajustada sazonalmente.

A categoria “Alojamento e Alimentação” por si só adicionou 170 mil postos de trabalho segundo a PNAD, com crescimento de 3,2% ante o mês anterior. O setor de “Comércio” respondeu pela criação de 350 mil vagas (1,9% mês-contra-mês).

O aumento do emprego formal inferido pela pesquisa foi significantemente maior do que o registrado no Caged, que indicou o aumento de 277 mil postos de trabalho ocupados em maio, valor que independente da aparente discrepância com a PNAD é vigoroso e acima do esperado por nós e pelo consenso do mercado (200 e 180 mil, respectivamente).

O rendimento médio do trabalho ficou estável, apesar da inflação, e a massa salarial cresceu. Nos dados dessazonalizados, o rendimento real médio habitual da população ocupada ficou praticamente estável, em R$ 2.601 (de R$ 2.602 anteriormente).

O patamar ainda se encontra entre as mínimas da série histórica, estando 7,7% abaixo do período pré-pandemia (dez/19). Porém, o aumento da população ocupada permitiu a continuidade da recuperação da massa salarial, que atingiu R$ 251 bilhões, também na série com ajuste sazonal.

Apesar do crescimento de 2,1% a preços constantes no mês, essa massa ainda se encontra 3,3% abaixo do nível de dezembro de 2019.

O crescimento do emprego não tem sido acompanhado pelo do PIB, o que implica em queda da produtividade do trabalho e sugere uma possível saturação do mercado no próximo ano.

O crescimento da população ocupada tende a acompanhar aquele do PIB. Na pandemia, houve uma queda maior da ocupação do que do PIB, e uma recuperação mais rápida deste do que da ocupação ao longo de 2021.

Essa dinâmica se alterou com a redução das restrições à mobilidade e a gradual recuperação do setor de Serviços, que tem sido responsável pelo aumento da ocupação mais recentemente.

No primeiro trimestre desse ano, a relação emprego-PIB já voltou ao patamar prépandemia, e deve continuar a cair no resto do ano.

A baixa produtividade tende a criar saciedade pelo trabalho, levando a um desaquecimento da demanda por esse fator, o que sugere menor crescimento da ocupação nos trimestres à frente se a atividade econômica não se aquecer até lá.