Depois de uma semana de fortes ganhos, o dia foi de ajuste para baixo na quinta-feira. O Ibovespa fechou em queda de 1%, aos 87 mil pontos, e o dólar comercial avançou a R$ 5,38.

O movimento ganhou mais força no fim das negociações, tanto no Brasil quanto no exterior, quando o presidente americano Donald Trump anunciou que fará uma coletiva para falar sobre a relação com a China.

Confira abaixo a explicação do nosso estrategista Jorge Sá sobre os principais acontecimentos do mercado:

Estados Unidos e China, que vêm de um histórico recente de guerra comercial, voltaram a se desentender nos últimos dias, principalmente na questão envolvendo a autonomia de Hong Kong. Com a China ignorando os alertas de Trump, agora fica a expectativa sobre qual será a reação do governo americano.

No final do dia, Trump também assinou um decreto que permite responsabilizar legalmente as redes sociais em certos tipos de processos. A medida vem como reação após o Twitter marcar uma postagem do presidente com um alerta para que os usuários checassem as informações. Agora é importante acompanhar os impactos que essa medida pode trazer para as empresas americanas, especialmente aquelas negociadas na Nasdaq, que reúne as maiores empresas de tecnologia.

Desemprego e déficit fiscal 

Ontem também foi um dia de agenda cheia de indicadores econômicos. No Brasil, destaque para a taxa trimestral de desemprego, que avançou para 12,6% em abril, um aumento inferior ao esperado pelo mercado.

No entanto, o time de Macroeconomia do Safra lembra que esse número tem influência da crise do coronavírus, uma vez que muitas pessoas não conseguiram sair de casa para procurar emprego. Se levássemos em conta a mesma base de pessoas procurando emprego em fevereiro, quando ainda não havia quarentena, o desemprego teria alcançado 15,9%.

Ontem, também conhecemos o resultado fiscal de abril para o governo central, que reúne o Tesouro Nacional, o Banco Central e a Previdência Social. O resultado foi um déficit de R$ 92,9 bilhões, o pior da série histórica, mas uma boa notícia frente à nossa projeção por um déficit de R$ 102,2 bilhões. Para o ano, nosso time de Macroeconomia estima um déficit de R$ 640 bilhões, podendo ser ainda maior se de fato houver um adiamento na cobrança de impostos em junho e a extensão do auxílio-emergencial.

Quarentena em São Paulo

Ainda no noticiário local, na última edição falamos sobre a nova fase da quarentena no estado de São Paulo. Ontem, o prefeito Bruno Covas detalhou como deve ser feita a reabertura na cidade. Ele explicou que o comércio e outras atividades autorizadas ainda não irão reabrir em primeiro de junho. A partir dessa data, a prefeitura vai receber os planos de retomada dos setores, com protocolos de segurança que devem ser aprovados pela vigilância sanitária.

PIB nos EUA

Nos Estados Unidos, o destaque ficou para a revisão do PIB do primeiro trimestre. A primeira leitura havia mostrado uma contração de 4,8% em termos anualizados. Agora, esse número foi revisto para 5%, surpreendendo as projeções, mas sem grandes impactos nos mercados financeiros.

Oportunidades na Renda Variável

Ontem, também promovemos uma live para falar sobre o cenário para investimentos em renda variável. Nosso estrategista Cauê Pinheiro reforçou a visão cautelosamente otimista para a Bolsa. Isso porque, se de um lado temos ainda um cenário de incertezas, por outro há a leitura de que a forte queda observada em março foi exagerada. A projeção para o Ibovespa está em 97 mil pontos até o final deste ano, oferecendo um espaço importante de crescimento sobre os níveis atuais. Você pode rever a live sobre investimentos em renda variável aqui.

PIB no Brasil

O principal destaque da agenda econômica desta sexta-feira deve ficar para a divulgação do PIB brasileiro do primeiro trimestre. Nosso time de Macroeconomia projeta uma queda de 2%. Esse número naturalmente será muito pior no segundo trimestre, conforme os indicadores econômicos que temos disponíveis já estão mostrando.

Nas últimas semanas, nos acostumamos a ver uma série de números em suas mínimas históricas. Mas os investidores começam, cada vez mais, a olhar para um cenário mais pra frente, buscando avaliar em qual momento se dará a recuperação e em qual velocidade.