Na quinta-feira a Receita Federal anunciou os números de arrecadação federal de tributos para junho, revelando uma queda de 29,6% na comparação com o mesmo período do ano anterior, para R$ 86,3 bilhões.

Retrações semelhantes haviam sido observadas nos meses anteriores, o que, à primeira vista, parece ir na contramão de indicadores econômicos mais favoráveis em junho. O próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, havia revelado que as notas fiscais eletrônicas mostravam uma recuperação no mês.  

Nosso time de Macroeconomia explica em relatório, no entanto, que “a maioria dos tributos é paga apenas no mês seguinte ao de sua competência, ou seja, do mês em que ocorre o fato gerador da obrigação de pagar o tributo”. Desse modo, as receitas de trinutos federais de junho ainda registraram números fracos. “Esses dados mais positivos deverão ser vistos na divulgação do mês de julho”, afirmam nossos especialistas.

Os números de junho

A arrecadação observada em junho ficou levemente abaixo da mediana das projeções de mercado, que apontavam para um resultado de R$ 87,5 bilhões. No acumulado do primeiro semestre, o valor foi de R$ 665 bilhões, decréscimo de 14,7% sobre o mesmo período do ano passado.

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Segundo nosso departamento de Macroeconomia, o resultado foi bastante influenciado pelos diversos diferimentos decorrentes da pandemia de coronavírus, que somaram, aproximadamente, R$ 81,3 bilhões, sendo R$ 20,4 bilhões apenas em junho.

As compensações cresceram 7,64% no mês de junho de 2020 em relação a junho de 2019 e também apresentaram crescimento de 33,59% no período acumulado. Sem considerar o efeito dos fatores não recorrentes, verifica-se decréscimo real de 9,3% na arrecadação do mês de junho, e contração real de 0,92%, no período acumulado.