Com uma correção relevante nesta sexta-feira, 31, o Ibovespa não sustentou os 105 mil pontos até o fim da semana. No acumulado desde segunda-feira, o índice de ações subiu 0,5%. Mas em julho, o avanço foi de mais de 8%, quarta alta mensal consecutiva. Já o dólar fechou o mês com queda de 4%, cotado a R$ 5,22.

Entre os destaques semanais estiveram os balanços trimestrais de quatro das cinco maiores empresas do Brasil, além das big techs americanas. A divulgação do PIB dos Estados Unidos e Europa também chamou a atenção dos investidores.

A semana também foi marcada por divulgações importantes do Banco Central do Brasil, que apresentou números sobre as contas públicas e externas, bem como sobre o crédito no país. Relembre a seguir os principais momentos.

Estímulos nos EUA

A discussão nos Estados Unidos sobre o novo pacote de estímulos à economia ficou sob os holofotes ao longo da semana. No Senado, os republicanos apresentaram um pacote de cerca de US$ 1 trilhão para fazer frente aos impactos da pandemia no país. Entre os pontos de divergência com os democratas está a redução do benefício extra para quem recebe seguro-desemprego, de US$ 600 para US$ 200.

Já o Federal Reserve, como era esperado, decidiu não alterar a taxa básica de juros do país. Em comunicado, o banco central americano destacou mais uma vez que irá usar todas as suas ferramentas para apoiar a economia durante a crise.

A autoridade monetária também afirmou que irá continuar seu programa de compra tanto de títulos públicos, quanto de títulos lastreados em hipotecas, e anunciou a prorrogação até o fim de março de 2021 dos acordos com outros BCs para oferecer liquidez em dólares.

PIBs despencam no 2º tri

O destaque da semana foi a divulgação do PIB americano no segundo trimestre. Com a implementação das medidas de confinamento em março e abril, a economia dos Estados Unidos sofreu uma contração de 9,5% na comparação com os três primeiros meses do ano.

Foi o declínio mais acentuado já registrado pela série histórica iniciada há 70 anos. Apesar disso, o recuo veio menor do que o mercado esperava. Segundo os dados divulgados pelo Departamento de Comércio, o maior impacto negativo veio do forte recuo nos gastos das famílias americanas com serviços, principalmente de saúde, alimentação e lazer.

Já na Europa, as maiores economia da zona do euro registraram tombos de dois dígitos: Espanha (-18,5%), França (-13,8%), Itália (-12,4%) e Alemanha (-10,1%).

Gigantes abrem balanços

O noticiário corporativo foi movimentado nesta semana. Quatro das cinco maiores companhias do país apresentaram seus balanços do segundo trimestre. Ambev e Bradesco reportaram resultados bastante pressionados pela pandemia, com fortes reduções nos lucros.

Já a Petrobras teve prejuízo em meio ao recuo da demanda por petróleo com a paralisação parcial das economias. As perdas só não foram maiores por conta de eventos não recorrentes.

Já a Vale reverteu o prejuízo que teve no mesmo período do ano passado, e ainda anunciou que restabeleceu sua política de dividendos. Na segunda-feira, o Itaú irá apresentar seus resultados.

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Nos Estados Unidos, as gigantes do setor de tecnologia, que vêm impulsionando a Nasdaq a sucessivos recordes, divulgaram balanços bastante positivos no segundo trimestre. Destaque para a Amazon, que reportou lucro de US$ 5,24 bilhões no período, e Apple, que ganhou US$ 11,25 bilhões.

Crédito

O Banco Central do Brasil divulgou números importantes durante a semana. Os primeiros foram sobre o crédito no país. O estoque total de empréstimos avançou R$ 30,2 bilhões em junho, um aumento de 0,8% ante maio. A projeção da equipe de Macroeconomia do Safra era de leve contração de 0,2%.

Nosso especialistas ressaltam a elevação 8,9% em 12 meses do saldo do crédito livre, com destaque para o cartão de crédito à vista e o crédito consignado. Já os financiamentos de veículos ficaram com saldo praticamente estável, mas registraram forte crescimento nas concessões, indicando uma retomada após um período de forte contração devido à pandemia.

Já na carteira de pessoas jurídicas, o BC destacou o avanço de 6,8% de maio para junho na categoria ‘Outros créditos direcionados’, por conta do programa de apoio a micro e pequenas empresas.

Contas públicas e externas

Houve ainda um novo superávit nas contas externas. No mês passado, o saldo da conta corrente ficou positivo em US$ 2,2 bilhões, o maior resultado para um mês de junho desde o início da série histórica. Segundo o BC, o resultado é explicado principalmente pela redução no déficit da conta de serviços e do aumento no superávit comercial.

Outro destaque do balanço de pagamentos foi o retorno dos investimentos em portfólio para o país. Após quatro meses de saídas líquidas, as aplicações financeiras no Brasil superaram as retiradas em R$ 2,4 bilhões em junho.

Já as contas do governo central, que reúne o Tesouro, a Previdência e o BC, fecharam o mês de junho com déficit primário de quase R$ 195 bilhões. O resultado veio pior do que as projeções do mercado, mas bem próximo da previsão do time de Macroeconomia do Safra.

O déficit de junho foi provocado pela queda na arrecadação e aumento nas despesas. Isso porque, de um lado, o pagamento de impostos foi adiado. De outro, os gastos avançaram com o auxílio emergencial, a liberação de recursos adicionais aos órgãos de saúde, o socorro financeiro a Estados e municípios e a antecipação do pagamento de 13º a aposentados e pensionistas.

No setor público consolidado, que inclui ainda Estados, municípios e estatais, o déficit em junho foi de R$ 188,7 bilhões. Já a dívida bruta do país alcançou R$ 6,15 trilhões em junho, equivalente a 85,5% do PIB.

A equipe de Macroeconomia do Safra projeta para o resultado primário do setor público consolidado em 2020 um déficit ao redor de R$ 808 bilhões (ou 11,6% do PIB). Quanto à dívida, nossos especialistas esperam forte avanço em 2020, para 94,6% do PIB.

Carteira assinada

Segundo os dados do Caged divulgados pelo Ministério da Economia nesta semana, houve redução líquida de menos de 11 mil vagas com carteira assinada em junho. O resultado veio melhor do que as projeções mais otimistas dos analistas.

Segundo o time de Macroeconomia do Safra, isso sugere que o mercado formal deixou o seu pior momento para trás e pode apresentar recuperação nos próximos meses. Mas é importante lembrar que os impactos da pandemia no setor foram amortecidos pelo programa emergencial do governo e pode haver alguma piora com o fim dessas medidas.