O principal índice de ações da Bolsa, o Ibovespa, acumulou mais uma semana de ganhos, ainda que com volatilidade, oscilando entre altas e baixas ao longo da semana. Isso porque os investidores seguem recebendo informações com sinais opostos.

Se, por um lado, os dados econômicos mais recentes seguem sugerindo que o pior para a crise na economia já passou, por outro lado o avanço do novo coronavírus em alguns locais adiciona incertezas sobre a possibilidade de um novo endurecimento nas regras de isolamento social.

Ao colocar as informações na balança, no entanto, o mercado registrou mais uma semana de ganhos: alta de 3,38% para o Ibovespa, que encerrou a semana aos 100.032 mil pontos. Já o dólar comercial permaneceu muito próximo da estabilidade, em leve alta de 0,05%, cotado aos R$ 5,32.

Abaixo, apresentamos em mais detalhes os principais fatos da semana.

Ibovespa aos 100 mil pontos

O principal índice de ações conseguiu retomar esta marca importante para a Bolsa. O índice havia registrado a pontuação de fechamento acima dos 100 mil pontos pela última vez no início de março, mais precisamente no dia 5 de março, quando a pandemia ainda começava a avançar com mais força pelo mundo.

Com o resultado desta semana, o Ibovespa acumula, agora, perdas de 13,50% no ano. Apesar da queda ainda expressiva, a pontuação atual representa uma forte recuperação sobre os últimos meses, com uma alta de 57% desde o seu pior momento, em 23 de março.

Surpresa positiva no varejo

A recuperação acontece em meio a indicadores reforçando a leitura de que o pior para economia ficou em abril, iniciando uma retomada gradual em maio e junho.

Nesse contexto, a semana teve como destaque as vendas no varejo de maio, divulgadas pelo IBGE na quarta-feira. Com uma alta de 19,6% no conceito ampliado — este conceito inclui categorias como materiais de construção e veículos, e é utilizado pelo nosso time de Macroeconomia nas projeções para o PIB —, o resultado surpreendeu até mesmo as projeções mais otimistas do mercado. Este foi o maior avanço da série histórica, iniciada em 2003. Ainda assim, quando colocado em comparação com maio do ano passado, é possível ter uma ideia do tamanho da crise: queda de 14,9% nas vendas.

Nem todos indicadores, no entanto, apontam na mesma direção. Na sexta-feira, por exemplo, o setor de serviços surpreendeu negativamente. Enquanto nosso time de Macroeconomia projetava uma alta de 6,7% sobre os números de abril, o indicador mostrou uma queda de 0,9% no mês.

Avanço de contaminações nos EUA

Se os números revelam uma recuperação da economia, os investidores também permanecem atentos à possibilidade de novas medidas de distanciamento social na maior economia do mundo, os Estados Unidos.

Por lá, diversos estados seguem registrando números recordes de novos infectados, na sequência da reabertura promovida nas últimas semanas. Segundo números compilados até quinta-feira, nos últimos 10 dias o país registrou 6 recordes diários de novos infectados. Somente na quinta-feira, foram 59.886 novos casos.

No Brasil, destaque também para o anúncio, na terça-feira, de que o presidente da República, Jair Bolsonaro, foi testado positivo para Covid-19. 

Recorde na Nasdaq

Se há um mercado que merece grande destaque nesta crise, é a Nasdaq, a bolsa americana conhecida por abrigar inúmeras empresas de tecnologia. Neste momento de distanciamento social, soluções envolvendo a tecnologia têm sido fundamentais para as companhias continuarem em contato com os consumidores.

Deste modo, o índice Nasdaq não apenas apagou todas as perdas registradas durante a pandemia, como também segue alcançando sucessivos recordes de pontuação. Nesta semana, o índice subiu em quatro dos cinco pregões, acumulando ganhos de 4%. No ano, a alta supera os 18%.

Busca por vacina

Parte importante da volatilidade observada nos mercados ocorre por conta das indefinições em relação à pandemia. A corrida por uma vacina e outros medicamentos é acompanhada com atenção pelos investidores, uma vez que poderia reduzir significativamente as incertezas no cenário.

Nesta sexta-feira, por exemplo, a farmacêutica americana Gilead Sciences anunciou que seu medicamento remdesivir reduziu o risco de mortalidade em 62% na comparação com o tratamento padrão. A notícia ajudou a manter os mercados em alta no último pregão da semana.

Onde investir em julho

Todos os meses publicamos o Safra Report, material que traz uma visão geral sobre a economia e os investimentos, bem como apresenta quatro carteiras de investimentos, com perfis de risco distintos.

No material, nossos especialistas explicam que o cenário de juros muito baixos, aliado aos estímulos de governos e bancos centrais, tem ajudado a sustentar o momento positivo dos mercados. No entanto, nossos especialistas destacam que a volatilidade deve permanecer enquanto continuarem as incertezas em relação à velocidade de recuperação da economia. 

Neste cenário, as linhas gerais das carteiras permanecem para os diferentes perfis em julho. No entanto, foram promovidas algumas alterações para aproveitar melhor os potenciais ganhos relativos entre os ativos, com oportunidade de aumento gradual na exposição à renda variável em detrimento da renda fixa.

Ainda assim, a renda fixa permanece como classe importante para todas as carteiras, e os fundos multimercados seguem como peça central nos portfólios, devido à sua capacidade para navegar por momentos de incertezas. Confira em detalhes o Safra Report de julho.

Pacote de US$ 1 trilhão nos EUA

Como falamos, os estímulos de governos e bancos centrais têm ajudado a sustentar os preços nos mercados. Já foram anunciados programas de tamanhos sem precedentes, e novos estímulos podem estar a caminho.

Durante a semana, o principal assessor do vice-presidente, Marc Short, declarou à imprensa americana que a Casa Branca busca a aprovação de um pacote de US$ 1 trilhão no Congresso até a primeira semana de agosto. Depois deste prazo, o Legislativo entra em recesso.

A discussão deste pacote acontece em um momento no qual cresce também o debate eleitoral. A eleição presidencial nos Estados Unidos está marcada para novembro, e o desempenho da economia deve se tornar um tema cada vez mais presente no debate. Pesquisas recentes têm mostrado o candidato democrata, Joe Biden, à frente do atual presidente, Donald Trump.

Lives Safra

Nesta semana, promovemos duas lives para comentar sobre os impactos da crise no cenário atual e perspectivas.

A primeira delas foi com o diretor financeiro da incorporadora EzTec, Emílio Fugazza. O executivo traçou um cenário mais otimista, projetando que as vendas irão retornar aos patamares pré-crise já entre setembro e outubro deste ano. Você pode conferir os principais pontos da live com o executivo da EzTec aqui.

Já na sexta-feira conversamos com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e o secretário de Geologia, Mineração e Transformação Ambiental, Alexandre Vidigal. Eles comentaram sobre as perspectivas para o setor de mineração. Você pode rever a transmissão com o ministro de Minas e Energia na íntegra aqui.