A Vale já havia anunciado na semana passada bons dados de produção. E agora, na noite de quarta-feira, a mineradora confirmou as expectativas por bons resultados no terceiro trimestre, amparada pela recuperação dos volumes e pelos fortes preços.

O lucro líquido cresceu 192% sobre o segundo trimestre, de US$ 995 milhões para US$ 2,9 bilhões. Este patamar permaneceu 10% abaixo de nossas projeções, que eram de US$ 3,2 bilhões, mas nossa equipe de análise, em relatório assinado por Conrado Vegner e Victor Chen, explica que isto se deve a despesas financeiras mais elevadas e perdas com derivativos, parcialmente compensadas por menos impostos.

Apesar desse lucro menor do que o aguardado, outras linhas importantes do balanço surpreenderam positivamente, como a receita líquida e o Ebitda, medida que é utilizada pelo mercado para avaliar a capacidade de geração de caixa de uma empresa.

Receita, Ebitda e Investimentos

A receita líquida cresceu 43%, também na comparação com o segundo trimestre, passando de US$ 7,52 bilhões para US$ 10,76 bilhões, e acima do esperado pelo time de análise da Safra Corretora, que projetava um avanço para US$ 10,1 bilhões.

Já o Ebitda ajustado avançou 81%, de US$ 3,37 bilhões para US$ 6,09 bilhões. Este valor supera em 9% nossas projeções, que eram de US$ 5,6 bilhões.

Saiba mais:
> Petrobras mostra recuperação, apesar de prejuízo trimestral
> Seminovos dão força, mas não mudam recomendação de Localiza
> Análise de empresas: Veja 5 conceitos para entender um balanço trimestral

Nossos especialistas ainda pontuam que o fluxo de caixa livre das operações avançou para US$ 3,75 bilhões em decorrência dos fortes resultados operacionais e da gradual normalização do capital de giro.

Ao mesmo tempo, a mineradora reduziu suas estimativas de investimentos para este ano, passando de US$ 4,6 bilhões para US$ 4,2 bilhões, devido à depreciação do real e a um ritmo mais lento de implementação dos projetos após a adoção de regras de segurança que foram necessárias no âmbito da Covid-19.

Minério de ferro

O minério de ferro é o principal produto da Vale. E os preços realizados da commodity no terceiro trimestre, de US$ 112 por tonelada, representam um crescimento de 26% na comparação trimestral, e 5% acima das expectativas do nosso time de análise.

Esta também foi a principal razão para que o Ebitda trimestral  viesse acima do esperado pelo nosso time de análise, apesar de em linha com o consenso.

Na visão dos nossos especialistas, o ambiente mais favorável para os preços de minério de ferro deve continuar a beneficiar a geração de fluxo de caixa da Vale. Ao mesmo tempo, os projetos de expansão devem ajudar a compensar o impacto das quedas nos preços, quando vierem, uma vez que este tema é antecipado há muito tempo, com os cortes nos preços sendo postergados diversas vezes.

Recomendação de compra

A recomendação do nosso time de análise para as ações da Vale (VALE3) é de compra, com preço-alvo de 74,40 para o final deste ano. Considerando a cotação do último fechamento, esse preço-alvo representa um potencial de valorização de 23,5%.

Como a Vale possui um nível de endividamento limitado, e na falta de grandes necessidades de capex, a remuneração aos acionistas deve continuar atrativa para os próximos anos, na visão do nosso time de especialistas.

No ano, as ações VALE3 se destacam por seu desempenho positivo. Em um ano de crise nos mercados acionários ao redor mundo, os papéis da mineradora acumulam ganhos de 13%, considerando o preço de fechamento desta quarta-feira.