A semana pode ter sido mais curta nos mercados financeiros, mas o noticiário seguiu com desdobramentos importantes. Com apenas dois dias e meio de negociações, o Ibovespa encerrou a semana em queda de 0,84%, aos 118.431 pontos, após chegar a retomar a marca dos 120 mil pontos na quarta-feira.

Os destaques positivos na B3 durante esta semana foram Locaweb (LWSA3; +26,6%), Embraer (EMBR3; +20,2%) e Taurus (TASA4; +18,3%). Pelo lado negativo estiveram Wiz (WIZS3; -19,6%), Enjoei (ENJU3; -10,5%) e Mosaico (MOSI3; -9,7%). 

Já o dólar comercial encerrou a semana com valorização de 0,25%, cotado aos R$ 5,39.

No cenário internacional, a semana também foi de queda para o principal índice americano, o S&P 500: recuo de 0,71%.

Entre os principais fatos da semana, estão reajustes nos combustíveis, incertezas na Petrobras e aumento nas expectativas de inflação nos Estados Unidos, enquanto seguimos aguardando novas definições sobre o auxílio emergencial.

Relembre os principais assuntos que movimentaram os mercados nesta semana.

Preços do petróleo

Os preços dos contratos futuros do barril de petróleo no mercado internacional atingiram nesta semana o maior valor desde janeiro de 2020, superando a barreira dos US$ 65 no caso do barril tipo Brent e os US$ 62 no caso do barril tipo WTI.

Como pano de fundo está a interrupção parcial na produção em um dos polos mais importantes para o mercado internacional: o Texas.

Uma onda de frio intenso provocou uma crise energética na região, com milhões de moradores sem energia e empresas com negócios paralisados. Segundo noticia a imprensa internacional, a produção de petróleo nos Estados Unidos chegou a cair em 40%.

Caminhando para o final da semana, a retomada das operações e rumores de que a Opep+ pode anunciar um aumento na produção de petróleo ajudaram a amenizar a alta da commodity.

Combustíveis e Petrobras

Os combustíveis também foram notícia no Brasil. Além do petróleo mais caro no cenário internacional neste ano, o real desvalorizado também tem sido apontado como um dos fatores que encarecem os preços dos combustíveis no país.

Na quinta-feira, a Petrobras anunciou um novo reajuste na gasolina, o quarto do ano, e no diesel, o terceiro no ano. A alta foi de 10% para a gasolina e de 15% para o diesel.

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No mesmo dia, o governo anunciou que irá zerar, por dois meses os impostos federais sobre o diesel, a partir de primeiro de março. Os impostos sobre o gás de cozinha também serão zerados, mas sem prazo para voltar a ser onerado. Para isso, será preciso apresentar medidas que compensem a perda de arrecadação — o que ainda não foi divulgado.

O governo também revelou que a Petrobras deve passar por mudanças nos próximos dias, gerando rumores sobre uma possível troca na presidência da estatal. Reagindo ao cenário de incerteza, as ações da estatal caíram 6,6% nesta sexta-feira.

Após o fechamento do mercado, na noite de sexta-feira, o governo confirmou a indicação do general Joaquim Silva e Luna para posição de Roberto Castello Branco na presidência da Petrobras.  

Auxílio emergencial

Este é um tema de atenção para o mercado financeiro, uma vez que pode trazer implicações para as perspectivas fiscais, como a regra do teto de gastos.

O plenário do Senado irá votar na próxima quinta-feira a PEC emergencial, abrindo caminho para a retomada do auxílio emergencial. O senador Marcio Bittar, relator da PEC emergencial, deve apresentar sua posição sobre o tema até segunda-feira.

A PEC Emergencial aciona gatilhos para permitir cortes de gastos da União, Estados e municípios. Essa aprovação abriria espaço para o governo enviar uma medida provisória com a proposta do auxílio emergencial.

Segundo informações na imprensa, o número de beneficiários e o valor das parcelas devem ser reduzidos significativamente sobre a rodada anterior. No entanto, as definições ainda estão sendo negociadas.

Vacinação no Brasil

A imunização segue como uma das premissas básicas para a recuperação da economia. Nesta semana, algumas capitais interromperam a distribuição da primeira dose por falta de vacinas. Segundo declarações do governo, novos lotes devem ser distribuídos até o início da próxima semana.

Também foram anunciadas compras de mais vacinas. Ainda durante o feriado, o governo anunciou a compra de 54 milhões de doses da Coronavac, levando o total adquirido do imunizante a 100 milhões.

Nesta sexta-feira, o Ministério da Saúde informou a intenção de adquirir mais 30 milhões de doses da Coronavac.

Inflação nos Estados Unidos

O início da semana foi de alta nas expectativas inflacionárias nos Estados Unidos. Diante da percepção de melhora na economia americana, e com a perspectiva de um novo pacote de estímulos, que permanece em negociações, o mercado refletiu essa visão sobre a alta nos preços nos títulos públicos americanos de 10 anos, os Treasuries.

O rendimento dos Treasuries avançou para acima da marca de 1,3%, o maior nível em cerca de um ano.

Considerado o ativo de menor risco no mercado internacional, os Treasuries servem de referência para investimentos em diferentes mercados.

Perspectiva para Selic

No Brasil, também há uma percepção de inflação maior do que se esperava.

O Relatório Focus, pesquisa semanal do Banco Central com agentes econômicos do mercado, vem apontado essa mudança na percepção ao longo das últimas semanas. Neste cenário, os agentes do mercado revisaram para cima a projeção da Selic até o final de 2021, para 3,75%, mesmo nível projetado no Safra.

No Safra, enxergamos mais pressão nos preços no curto prazo, o que nos levou a antecipar a projeção de alta na taxa Selic de maio para março. O Copom se reúne nos dias 16 e 17 de março.