A semana começou em tom positivo, embalada pela retomada nos testes da AstraZeneca para a vacina contra a Covid-19. Mas, ao longo dos dias, notícias locais e internacionais atuaram no sentido contrário e a Bolsa devolveu os ganhos que haviam sido conquistados logo no início da semana.

O Ibovespa encerrou a sexta-feira em queda de 1,81%, aos 98.290 pontos. Já o dólar comercial avançou 2,83%, cotado a R$ 5,38. Com isso, o principal índice de ações da Bolsa brasileira acumulou na semana ligeira queda de 0,07%. Já o dólar comercial registrou, no período, alta de 0,83%.

Em destaque, estiveram em foco as reuniões de bancos centrais no Brasil e nos Estados Unidos e a continuidade do debate sobre o Renda Brasil. Confira, abaixo, alguns dos principais assuntos que movimentaram a semana.

Federal Reserve

Na tarde de quarta-feira, o Federal Reserve, o banco central americano, protagonizou um dos eventos mais importantes da semana. A autoridade monetária manteve a taxa básica de juros no intervalo de 0% a 0,25% ao ano, conforme amplamente esperado, e sinalizou que a taxa de juro deve permanecer neste patamar até o final de 2023.

O Fed também atualizou suas projeções para a economia, passando a prever uma queda de 3,7% no PIB deste ano, contra uma estimativa anterior de retração de 6,5%.

No entanto, o presidente da instituição, Jerome Powell, alertou que sem novos estímulos pelo lado fiscal, existe um risco à economia. Nas bolsas, o destaque ficou pelo que não foi dito: sem menção a novos estímulos por parte do banco central americano — algo que era esperado por alguns agentes do mercado —, a reação no dia seguinte foi de queda nos preços dos ativos.

Congresso nos EUA

Em linha com o alerta de Powell, esta semana marcou o retorno das atividades da Câmara no Congresso americano. Segundo veiculado na imprensa internacional, essa é vista como a última oportunidade para que Democratas e Republicanos cheguem a um acordo para um novo pacote de estímulos à economia antes das eleições presidenciais, marcadas para o início de novembro.

Os partidos estão em um impasse há meses. Em julho, os Republicanos revelaram a proposta para um pacote de US$ 1 trilhão. Em resposta, os Democratas defenderam um desembolso significativamente maior, de US$ 3 trilhões.

Desde então, seguem as negociações para estabelecer um acordo. Nesta semana, o presidente Donald Trump publicou uma mensagem no Twitter pedindo para que os Republicanos aumentem a proposta.

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Copom

No Brasil, também na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, também se reuniu. A decisão, unânime, foi pela manutenção da taxa Selic em 2% ao ano, interrompendo um ciclo de queda nos juros que se iniciou em dezembro do ano passado, quando a Selic foi reduzida de 5% para 4,5% ao ano.

Em seu comunicado, o Copom não fechou a porta para a possibilidade de um novo corte nos juros. Mas, segundo nosso time de Macroeconomia, essa possibilidade ficou em aberto para acomodar eventuais surpresas na situação fiscal ou na atividade da economia após o fim dos programas de auxílio. Como este não é o cenário-base, seguimos com a projeção de manutenção da Selic em 2% ao ano até o final de 2021.

A Selic na mínima histórica impõe um cenário mais desafiador na renda fixa. Isso porque a projeção do IPCA para o próximo ano é superior à Selic — o que significa que um investimento que render a Selic terá seu todo o retorno corroído pela inflação. Conheça as alternativas dentro da renda fixa neste novo cenário.

Projeção para a inflação

Nesta semana, nosso time de Macroeconomia atualizou sua visão sobre a inflação em 2020 e 2021.

De modo a acomodar a alta nos preços dos alimentos, a projeção para o IPCA de 2020 avançou de 1,8% para 2%. Apesar da revisão para cima, nossos especialistas lembram que este é um patamar baixo para o padrão histórico do país, e muito distante da meta do Banco Central para este ano, de 4%.

Para 2021, quando é esperada uma recuperação gradual da economia e do mercado de trabalho, bem como reajustes de alguns preços administrados pelo governo, a projeção do IPCA foi mantida em 3,1%. Para conferir a análise completa sobre inflação, clique aqui.

Renda Brasil

As discussões em torno do Renda Brasil permanecem. Nesta semana, chegou a ser anunciado o cancelamento do programa, que teria como objetivo redesenhar uma série de iniciativas no campo dos benefícios sociais, como o Bolsa Família.

O anúncio de que o Renda Brasil não seguiria ocorreu após ser divulgado na imprensa que o governo estaria estudando congelar aposentadorias e pensões para financiar o programa. Também chegou a veicular na imprensa que isso poderia custar mais uma baixa na equipe econômica do governo, desta vez do Secretário Especial da Fazenda, Waldery Rodrigues.

Um dia após este anúncio, no entanto, o relator da proposta do Orçamento de 2021, Márcio Bittar, revelou ter sido autorizado pelo governo a incluir um novo programa social em seu relatório. A proposta do Orçamento foi entregue pelo governo ao Congresso no final do mês passado — clique aqui e relembre os destaques do que foi apresentado.

Vacina

O início da semana também trouxe notícias importantes. A farmacêutica AstraZeneca havia anunciado durante o final de semana a retomada dos testes da vacina contra a Covid-19, em parceria com a Universidade de Oxford.

Os testes chegaram a ser suspensos no dia 8 deste mês, após um participante dos testes no Reino Unido ter apresentado um efeito colateral. Ao longo desta semana, a Universidade de Oxford publicou que os efeitos adversos deste paciente podem não estar relacionados aos ensaios clínicos da vacina. Em nossa Central de Conteúdo, estamos acompanhando o noticiário sobre as principais candidatas a vacina contra a Covid-19 — acompanhe aqui.