Em semana com decisão de juros no Brasil, o cenário internacional disputou as atenções do mercado. Os olhos estiveram voltados para os Estados Unidos, onde os investidores continuam na expectativa por um novo pacote de estímulos, ao mesmo tempo em que observam o acirramento das tensões entre EUA e China.

O Ibovespa, principal índice de ações da semana, terminou a semana em leve baixa de 0,13%, aos 102.776 pontos. Já o dólar comercial fechou em alta de 3,76%, cotado a R$ 5,41.

Veja, abaixo, alguns dos fatos que marcaram a semana:

Impasse em estímulos nos EUA

Ao longo de toda a semana perduraram as expectativas quanto a um acordo entre republicanos e democratas por mais um pacote trilionário de ajuda à economia americana. Havia a expectativa na imprensa americana para um anúncio nesta semana. Mas, entre sinalizações ora otimistas ora pessimistas, a semana chega ao fim sem novidades sobre esse tema.

Em março o Congresso americano aprovou um pacote de US$ 2 trilhões. A medida foi assinada pelo presidente Donald Trump. Agora, há uma série de questões em aberto entre os dois lados neste novo pacote, como os benefícios concedidos aos desempregados. Os republicanos, que controlam o Senado, apresentaram uma proposta de cerca de US$ 1 trilhão. Os democratas, com maioria na Câmara, chegaram a aprovar em maio um texto de US$ 3 trilhões.

EUA, China e o TikTok

O cenário internacional também foi marcado pelo embate entre EUA e China, as duas maiores economias do mundo. Desta vez, o presidente americano, Donald Trump, assinou uma ordem executiva com o objetivo de banir os aplicativos chineses TikTok e WeChat caso eles não sejam vendidos para empresas americanas. A medida entra em vigor dentro de 45 dias.

A controladora da TikTok é a ByteDance, e a WeChat pertence à Tencent, uma empresa com valor de mercado próximo a US$ 700 bilhões. Este é mais um capítulo na escalada recente das tensões entre os dois países.

Juros caem para 2% ao ano

A reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) desta segunda-feira não prometia grandes novidades quanto à decisão de juros. Conforme esperado, a taxa Selic foi reduzida de 2,25% ao ano para 2% ao ano.

No entanto, o foco esteve centrado no comunicado da decisão, de modo a entender os próximos passos do Banco Central. O documento surpreendeu ao deixar a porta aberta para novos cortes. Mas, segundo o time de Macroeconomia do Safra, essa menção foi incluída apenas devido ao cenário de grandes incertezas, mas o Copom demonstrou estar satisfeito com o patamar atual dos juros. Confira a análise completa aqui.

Defesa do lado fiscal

A semana teve certo alívio quando o ministro da Economia, Paulo Guedes, prometeu entregar planos para privatizar entre três e quatro grandes estatais brasileiras nos próximos dois meses. No mesmo dia, Guedes falou sobre diversos outros temas. Entre eles, voltou a defender o novo imposto sobre pagamentos digitais, que vem sendo comparado à extinta CPMF.

Já o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, defendeu a manutenção do teto de gastos, afirmando ser essencial para a aprovação de reformas. O tema do teto de gastos tem ganhado mais repercussão à medida que cresce o debate quando à manutenção ou não do mecanismo que controla os gastos públicos.

Desemprego e inflação sem surpresas

A semana também reservou indicadores macroeconômicos importantes no Brasil. Destaque para a Pnad Contínua, trazendo os números de desemprego no segundo trimestre. A taxa avançou para 13,3%, conforme esperado. Nosso time de Macroeconomia, no entanto, lembra que a população ocupada atingiu o menor patamar da série histórica. Caso contrário, a taxa de desemprego saltaria para 21,7% na série com ajustes sazonais.

Na sexta-feira também conhecemos outro indicador que veio dentro do esperado: a inflação medida pelo IPCA avançou para 0,36% em julho, acumulando alta de 2,31% em 12 meses. Na avaliação do nosso time de Macroeconomia, em agosto a deflação na categoria educação e a saída do reajuste de alguns itens devem enfraquecer a inflação, com um IPCA de 0,12%. No ano, a projeção permanece em 1,6%. Veja a análise completa da inflação.

Indústria em recuperação

A semana também foi de indicadores positivos de atividade na indústria em diversas economias ao redor do mundo, da zona do euro à China, reforçando a percepção de recuperação. No Brasil, a produção industrial apontou avanço de 8,9% em junho sobre maio. Ainda assim, nosso time de Macroeconomia lembra que o indicador está 13,5% abaixo do observado em fevereiro, antes da crise.

Teto dos juros para bancos

O setor bancário é um dos mais relevantes em termos de participação do Ibovespa. E um projeto no Congresso trouxe reflexos negativos para as ações do setor. A proposta de um teto sobre os juros cobrados no cartão de crédito e no cheque especial foi aprovada no Senado, mas o time de análise da Safra Corretora avalia que ele não será aprovado na Câmara ou mesmo pelo presidente.

Essa percepção foi reforçada na tarde de sexta-feira, quando o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, declarou que uma intervenção do Congresso nesse sentido poderia encarecer outras linhas de crédito.

Safra Report e Carteira Recomendada

Na primeira semana de agosto publicamos dois relatórios importantes para os investimentos. O Safra Report traz uma visão geral sobre a economia, os investimentos, e a alocação de quatro carteiras de investimentos diferentes, dos mais conservadores aos mais dinâmicos. Você confere o Safra Report aqui.

Nas alocações apresentadas, a renda variável compõe parcelas das carteiras de conservadores, moderados e dinâmicos, cada um ajustado pelo respectivo grau de risco. E, nesse contexto, também apresentamos a carteira recomendada de ações e a carteira recomendada de dividendos para agosto. Elas são atualizadas todos os meses pelos analistas da Safra Corretora.