O cenário de volatilidade, que estamos observamos desde o início do ano, deu continuidade durante esta semana. Ainda assim, o balanço final foi positivo para os mercados financeiros.

No acumulado da semana, o Ibovespa avançou 1,81%, aos 116.222 pontos. Já o dólar comercial recuou 1,39%, encerrando a sexta-feira cotado aos R$ 5,48.

O movimento do mercado local descolou das negociações em Nova York, onde o índice S&P 500 fechou a semana com uma baixa acumulada de 0,77% – isso após chegar a renovar um recorde de pontuação durante a semana. O Nasdaq, índice que reúne, em sua maioria, empresas ligadas ao setor de tecnologia, caiu 0,79% na semana.

Relembre o que foi destaque nos mercados financeiros nesta semana.

Copom surpreende

As decisões de juros, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, estiveram em grande evidência durante a semana.

Na noite de quarta-feira, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) surpreendeu o mercado ao anunciar um aumento de 0,75 ponto percentual na taxa Selic, que avançou de 2,00% ao ano para 2,75% ao ano.

Mais do que isso, o Copom ainda sinalizou, em seu comunicado, que na próxima reunião, em maio, deve ser revelado um novo aumento na mesma magnitude, ou seja, levando a taxa Selic a 3,50% ao ano.

Com essa decisão, atualizamos o nosso cenário para juros no Brasil. Mantemos a previsão de taxa Selic a 4,50% ao ano em 2021, mas antecipamos o calendário de altas, encerrando agora em setembro.

Leia em detalhes a nossa visão sobre o Copom.

Federal Reserve vs. investidores

Nos Estados Unidos, a decisão de política monetária também foi na quarta-feira, mas durante a tarde, enquanto os mercados permaneciam abertas. As expectativas eram por manutenção da taxa básica de juros no intervalo de 0% a 0,25% ao ano, que foi confirmado.

As atenções, no entanto, estavam voltadas para as projeções atualizadas do Federal Reserve, o banco central americano, para a economia, bem como para as declarações do presidente da instituição, Jerome Powell, sobre a inflação e os níveis futuros de juros.

O Federal Reserve elevou a projeção de crescimento neste ano de 4,2% para 6,5%. Ao comentar o cenário para a inflação, Jerome Powell sinalizou que continuará priorizando o olhar sobre a inflação média ao longo do tempo, permitindo que eventualmente a inflação ultrapasse a meta.

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Desse modo, Powell voltou a afirmar que os juros devem permanecer nos níveis historicamente baixos até 2023.

Mas, com as projeções de inflação acima da meta para este ano, os investidores não estão convencidos de que os preços permanecerão sob controle, e as taxas de juros dos Treasuries de 10 anos, que servem de referência para o mercado, continuaram avançando.

Aumentos nessas taxas costumam se refletir negativamente no mercado de ações, especialmente em empresas em fase de crescimento, como na Nasdaq.

Auxílio emergencial

O governo assinou a Medida Provisória que permite o retorno do auxílio emergencial. O benefício terá valor médio de R$ 250 e será pago em quatro parcelas, a partir de abril.

O pagamento será feito a 45,6 milhões de famílias, e o desembolso da União previsto para distribuir o benefício é de R$ 43 bilhões.

Temporada de balanços corporativos

A temporada de resultados do quarto trimestre de 2020 se aproxima do fim. Nesta semana, o destaque ficou por conta de números de diversas empresas do setor imobiliário.

Entre elas, estão nomes como Eztec (EZTC3), Helbor (HBOR3), Even (EVEN3), Plano & Plano (PLPL3), Cyrela (CYRE3), Cury (CURY3) e Lavvi (LAVV3), esta última com excelentes resultados no quarto trimestre. Ela é, também, nossa principal escolha para investir entre as construtoras residenciais de média e alta renda.

Destaque, também, para as ações da GOL (GOLL4). Colocamos o preço-alvo e a recomendação sob revisão até que se tenha mais clareza sobre o retorno da demanda, apesar de identificarmos aspectos positivos na empresa.

Covid-19 no Brasil

Os números da pandemia continuam sendo fonte de preocupação, com as taxas de ocupação dos leitos de UTI em alta. Governadores também alertam que nas próximas semanas podem faltar medicamentos para a intubação de pacientes.

Diante do quadro de agravamento, observamos novas medidas de restrição de circulação em diferentes localidades do país. Destaque para São Paulo, que irá antecipar cinco feriados a partir da próxima sexta-feira, 26.

No Rio de Janeiro, uma reunião na próxima segunda-feira também  pode resultar em novas medidas de restrição, incluindo a possibilidade de antecipar feriados, conforme noticiado na imprensa.   

Compra de vacinas

Os contratos com as farmacêuticas Pfizer e Janssen foram assinados nesta sexta-feira. Serão, ao todo, 138 milhões de doses, sendo 100 milhões da Pfizer e 38 milhões da Janssen.

A Pfizer possui registro definitivo da Anvisa para aplicação da vacinação em massa, enquanto a Janssen, com seu imunizante de dose única, ainda não possui autorização da Anvisa.

As doses da Pfizer devem ser entregues entre abril e setembro. As da Janssen devem ser entregues entre julho e dezembro.

Neste final de semana, o governo também deve receber cerca de 1 milhão de doses da AstraZeneca, sendo o primeiro lote a chegar ao país por meio do consórcio Covax Facility.

Covid-19 na Europa

A Europa também esteve no radar nesta semana. Em foco, esteve a aplicação das vacinas da AstraZeneca, produzidas em parceria com a Universidade de Oxford. Mais de 20 países chegaram a suspender a aplicação de vacinas da AstraZeneca após incertezas sobre efeitos colaterais do imunizante, como trombose ou coágulo sanguíneo.

Nesta quinta-feira, no entanto, a Agência de Medicamentos Europeia declarou que chegou a “uma conclusão científica clara: é uma vacina segura e eficaz”. Países como Itália, Alemanha e França já retomaram a aplicação da vacina.

Diversas regiões na Europa também decretaram alguma nova medida de restrição. Em Paris, na França, por exemplo, um novo confinamento parcial de sua população deve permanecer em vigor por quatro semanas.

Petróleo e Petrobras

O ritmo de vacinação abaixo do esperado na Europa, somado a um aumento nos estoques de petróleo nos Estados Unidos, também levou a uma forte queda nos preços do petróleo.

O recuo foi observado durante toda a semana, mas o destaque ficou para quinta-feira, quando os contratos futuros do barril de petróleo do tipo WTI caíram 6,9% e o Brent desvalorizou 7,1%.

A recente queda no petróleo também se reflete na Petrobras. Nesta sexta-feira, a estatal anunciou a primeira redução nos preços dos combustíveis vendidos às refinarias, após seis altas consecutivas. O recuo nos preços foi de 4,95%, em média, para a gasolina. O preço do diesel não teve alteração.

Volkswagen suspende operações

No fechamento da semana, a montadora Volkswagen Brasil anunciou que irá paralisar sua produção no país a partir da próxima quarta-feira, 24, em medida válida por 12 dias.

Segundo a companhia, que tem fábricas em São Paulo e no Paraná, a medida foi tomada em função do aumento no número de casos de covid-19 no país.