A última semana de outubro foi, também, uma das semanas mais movimentadas do mercado financeiro nos últimos meses.

Uma série de eventos de grande relevância movimentou a semana e trouxe volatilidade aos mercados, tanto no Brasil quanto no exterior.

O principal índice de ações da Bolsa, o Ibovespa, acumulava ganhos de 7% no mês até o final da semana passada. Nestes últimos dias de outubro, no entanto, com uma queda acumulada de 7,2%, o índice devolveu os ganhos vistos anteriormente e encerrou o mês em leve baixa de 0,69%, aos 93.952 pontos.

O dólar comercial também foi motivo de atenção nos mercados. A moeda seguiu em valorização contra o real, terminando o mês em alta de 2,13%, aos R$ 5,74, após chegar a bater os R$ 5,80 durante a semana, na maior cotação desde maio.

 
 

Enquanto as incertezas em relação à questão fiscal permanecem como pano de fundo no Brasil, outros eventos entraram no radar nessa semana, como uma nova fase da pandemia na Europa, o avanço da Covid-19 nos Estados Unidos, as expectativas para as eleições americanas e muito mais.

O sentimento negativo não foi apenas no Brasil. Nos mercados internacionais, a semana também foi de perdas. Nos Estados Unidos, o índice S&P 500 acumulou queda de 5,64% na semana e de 2,77% no mês. Na Europa, o Stoxx 600 caiu 5,56% na semana e 5,19% no mês.

Confira, abaixo, os principais assuntos que moveram a semana. E veja também o que aguardar para os próximos dias.

Lockdown na Europa

Nas últimas semanas, a Covid-19 dava sinais de agravamento ao redor do mundo, principalmente na Europa, onde se comentava sobre os riscos de uma segunda onda de infecções.

E nesta semana, a pandemia ganhou um novo capítulo. Na quarta-feira, Alemanha e França anunciaram um lockdown parcial, com medidas que lembram aquelas anunciadas no início da pandemia.

Bares e restaurantes serão fechados por cerca de um mês, entre outras medidas mais duras de distanciamento social. Um dia antes do anúncio, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, já havia comentado sobre meses muito difíceis à frente. Na mesma linha, a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, alertou que os casos devem continuar avançando nas próximas duas ou três semanas.

Na quinta-feira, a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, também apresentou declarações pessimistas. Ela afirmou que o ressurgimento do vírus é uma ameaça ao crescimento e que a recuperação da zona do euro está perdendo fôlego. Ela acrescentou que o Banco Central Europeu pode adotar novos estímulos em sua próxima reunião, marcada para dezembro.

PIB: EUA e zona do euro

A segunda onda de coronavírus ocorre em meio a um momento de recuperação das economias. Nesta semana, os Estados Unidos revelaram um crescimento de 33,1% da economia no terceiro trimestre, em base anualizada. O número surpreendeu o mercado, que projetava um avanço de 31%, após a forte queda de 31,4% no segundo trimestre.

Em base trimestral, como estamos acostumados a ver, o PIB dos EUA cresceu 7,4% no terceiro trimestre.

Na zona do euro, após a retração de 11,8% vista no segundo trimestre, nesta sexta-feira foi revelado um crescimento de 12,7% no terceiro trimestre, também acima do consenso de mercado, que era de 9,4%.

Eleições americanas

Ainda no cenário internacional, permanecem as incertezas em relação às eleições americanas, marcadas para a próxima terça-feira, 3 de novembro.

O sistema eleitoral americano permite a votação antecipada. E, neste ano, o comparecimento tem sido recorde: mais de 80 milhões de americanos já depositaram os seus votos, segundo dados computados até o final de quinta-feira.

As pesquisas eleitorais na imprensa americana apontam o candidato democrata Joe Biden como favorito para vencer a disputa, mas o cenário ainda é incerto. Também restam dúvidas quanto ao tempo que será necessário para apurar os votos e se haverá uma judicialização dos resultados.

Em meio à proximidade das eleições, o pacote de estímulos discutido entre republicanos e democratas não avançou nesta semana, novamente.

Temporada de balanços: Petrobras, Vale e bancos

No Brasil, o grande destaque da semana ficou por conta dos balanços trimestrais das empresas listadas em Bolsa. Algumas das maiores companhias do país divulgaram seus números.

Logo no início da semana, o Santander abriu a temporada de balanços do setor financeiro. Os números vieram bastante acima das expectativas e a recomendação de compra foi mantida. Ao longo da semana, o Bradesco também revelou seus números, que também surpreenderam positivamente.

Ainda assim, as ações de bancos apresentaram forte queda na semana, em movimento que foi visto como realização de lucros após o forte desempenho ao longo do mês.

O time de análise da nossa Corretora possui visão positiva para o setor bancário, com a avaliação de que as ações são negociadas a preços atrativos.

Petrobras e Vale também divulgaram seus balanços, ambos com avaliações positivas do nosso time de especialistas. Especificamente sobre a Petrobras, apesar do inesperado prejuízo bilionário, a estatal apresentou uma série de melhorias em seu balanço. A recomendação permanece de compra para as ações de Petrobras e Vale.

Estes foram os destaques da temporada de balanços, mas diversas outras empresas também revelaram seus números. Entre elas, Localiza, Pão de Açúcar, OdontoPrev, Cesp, Cielo, Fleury, Telefônica, Raia Drogasil, Hypera, Neoenergia

Não deixe de acompanhar nossa página de análise de ações para conferir as últimas atualizações.

'Big Techs'

Nos Estados Unidos, a semana também foi de balanços corporativos importantes. Destaque para a noite de quinta-feira, quando quatro das principais empresas de tecnologia do país divulgaram seus resultados: Google, Facebook, Amazon e Apple.

Todas elas apresentaram forte crescimento no faturamento para o trimestre e superaram as projeções no mercado americano. Somadas, as receitas das companhias totalizaram US$ 228 bilhões no último trimestre, com lucro total de US$ 38 bilhões. 

No entanto, Apple, Amazon e Facebook afirmaram que o crescimento nos meses à frente enfrenta incertezas devido à continuidade da crise do coronavírus. A Apple, por exemplo, não apresentou suas projeções de vendas para este último trimestre do ano, como tradicionalmente faz, por conta da baixa visibilidade no cenário. 

Mercado de trabalho

No final da semana, tivemos importantes sinalizações para o mercado de trabalho. O IBGE divulgou a Pnad Contínua para o trimestre encerrado em agosto, com avanço do desemprego de 13,8% para 14,4%.

Esse número é limitado pela baixa procura por empregos. Caso a taxa de participação estivesse em sua média histórica, o desemprego avançaria para 23,9%, o maior valor da série histórica.

Nosso time de Macroeconomia avalia, no entanto, que a flexibilização das medidas de distanciamento social deve surtir um efeito positivo nas próximas leituras da Pnad Contínua.

O Caged, divulgado na quinta-feira, surpreendeu positivamente com os números de criação líquida de postos de trabalho no mercado formal em setembro, com 313 mil novas contratações.

Copom

A semana contou, ainda, com a reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central. Conforme amplamente esperado, o Copom manteve a taxa Selic em 2% ao ano. As atenções estavam, no entanto, para o tom que seria utilizado no comunicado.

Parte do mercado acreditava que o Copom poderia promover algumas alterações na linguagem, com um tom mais duro sobre a avaliação do momento atual, o que não ocorreu. A ata da reunião será divulgada na próxima semana. Leia a análise completa do Copom.

Nova projeção de Selic e Inflação

Nosso time de Macroeconomia atualizou o cenário para dois importantes indicadores econômicos: inflação e taxa de juros.

Agora, o cenário considera pressões para a alta nos preços no curto prazo, especialmente por meio da inflação de alimentos, e no médio prazo, decorrente de uma série de outros fatores, como, por exemplo, reajustes no setor de serviços, que foram postergados neste ano por conta da pandemia.

A projeção para o IPCA foi atualizada de 2,9% para 3,1% neste ano, e de 3,1% para 3,5% no próximo ano.

Com o novo cenário inflacionário, também revisamos as projeções para a taxa Selic. Continuamos projetando os juros a 2% ao ano em 2020 e em boa parte de 2021, mas agora passamos a prever uma alta para 2,5% ao ano no último trimestre de 2021. Leia a análise completa aqui.

Live sobre momento econômico

Durante a semana, promovemos uma live com Joaquim Levy e Priscila Deliberalli, do Safra, e Adolfo Sachsida, secretário de Política Econômica do Ministério da Economia. 

Eles conversaram sobre endividamento público, mercado de trabalho, inflação, crédito, agenda de retomada da economia e muito mais. Confira a transmissão na íntegra abaixo: